quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O enigma da mulher que descongelou

Em ocasiões, a natureza do corpo humano surpreende-nos superando com sobras os limites do que consideramos normal, e este caso é um exemplo perfeito do que estou falando. Imaginem, Lenby, Minnesota, EUA. Em uma tremendamente fria manhã de inverno de 1981, um garoto de 19 anos descobre sua vizinha adolescente Jean Hilliard tombada na neve. Todo seu corpo está rígido e congelado, já que permaneceu à intempérie toda a noite a uma temperatura de até 25ºC abaixo de zero.

O enigma da mulher que descongelou

Aparentemente Jean teve um acidente em seu carro, que patinou no gelo, e tentou desesperadamente atingir a casa de seu vizinho em busca de ajuda. Quando este encontrou seu corpo, chamou imediatamente os paramédicos que levou-a rapidamente ao hospital local, onde seu estado assombrou aos médicos. Uma das enfermeiras afirmou que Jean estava tão fria, que era como se tivessem tirado-a de um congelador" e que "seu rosto estava absolutamente branco, tinha a palidez dos mortos”. Jean sofria de hipotermia severa e os médicos não conseguiam mover ou dobrar nenhuma de suas articulações.

O pessoal do hospital fez todo o que pôde, mas sua situação era extrema. Ainda no caso de que Jean viesse a recuperar a consciência, muito provavelmente seu cérebro teria sofrido danos severos. Ademais, o grau de congelamento era tal, que os médicos pensavam em amputar ambas pernas. Sua família não podia fazer nada, salvo esperar um milagre.

Duas horas mais tarde, Jean sofreu violentas convulsões e recuperou a consciência. Encontrava-se perfeitamente tanto mental como fisicamente, ainda que um pouco confusa. Inclusive o congelamento foi desaparecendo lentamente de suas pernas, para assombro dos médicos. Quarenta e nove dias depois recebeu alta sem perder nem uma unha, e com apenas algumas manchas pelo corpo.

Fonte : New York Times


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

PESQUISA DA MARINHA SOBRE AGENTE BIOQUÍMICO NATURAL É PATENTEADA NOS EUA

Pesquisa da Marinha sobre agente bioquímico é patenteada
Foto :IEAPM / MB

Pesquisa desenvolvida pela Marinha do Brasil sobre tintas marítimas anti-incrustantes teve patente aprovada nos Estados Unidos. O projeto, conduzido pelo Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), consiste no uso de um agente biocida isento de metais nas tinturas utilizadas em estruturas submersas e flutuantes. O estudo foi feito em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal Fluminense (UFF).

A pesquisa, iniciada em 2004 no Instituto de Química da UFRJ, alcançou êxito ao sintetizar o agente biocida a partir de matéria-prima natural, nacional e de baixo custo: um subproduto do refino de óleo de soja. O agente poderá ser utilizado em escala industrial em revestimentos e tintas subaquáticas, protegendo contra os efeitos danosos da bioincrustração em cascos de embarcações, boias, plataformas de petróleo e dutos submersos.

Para o comandante William Romão Batista, engenheiro e pesquisador da Marinha, a obtenção da patente concretiza um ciclo de pesquisas em produtos naturais anti-incrustantes desenvolvidos pelo IEAPM. “Este é o grande passo para termos, no futuro, disponível no mercado, tintas para cascos de navios e plataformas de petróleo, com eficaz ação anti-incrustante e isentas de substâncias nocivas ao meio ambiente marinho”, avaliou o comandante.

De acordo com Romão Batista, por ser um produto natural, isento de elementos metálicos e com ação bactericida e algicida (contra algas), o agente biocida poderá também ser utilizado nas áreas médica, agrícola e pecuária.

A pesquisa

A bioincrustação marinha é resultado do processo natural de colonização e crescimento de micro e macro-organismos sobre superfícies submersas, ocasionando problemas logísticos e prejuízos econômicos, como o entupimento de canalizações, podendo comprometer estruturas de plataformas, pilares e tubulações.

O produto desenvolvido pelo IEAPM da Marinha foi testado experimentalmente durante oito meses em placas metálicas submersas pela empresa brasileira International Tintas S.A. A tinta anti-incrustante demostrou alta resistência e durabilidade, com uma vida útil maior que as tintas marítimas comercializadas atualmente – que gira entre seis meses e dois anos

Já tramita no IEAPM o pedido de uma nova patente junto à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha, que deverá ser enviado ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

Esta nova patente está relacionada à evolução da síntese e da característica físico-química do biocida inicialmente sintetizado. O objetivo dos pesquisadores é fechar parcerias com indústrias interessadas na produção do agente.

fonte: Defesanet


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Encontrando o mamífero que sobreviveu aos dinossauros

Jeremy Hance, mongabay.com
Traduzido por Vitor Visconti 


Solenodonte-do-Haiti 
Fêmea do solenodonte-do-haiti capturada por Nicolas Corona na República Dominicana. Está esperando que instalem um rádio-colar nela. Foto de Tiffany Roufs.
foto : mongabay.com

Fêmea do solenodonte-do-haiti capturada por Nicolas Corona na República Dominicana. Está esperando que instalem um rádio-colar nela. Foto de Tiffany Roufs. 

Então, aqui estou eu, correndo à noite numa floresta a mais de 3.200 quilômetros de casa. Essa floresta – seca, robusta e espinhenta o suficiente para arrancar sangue – fica apenas a poucos quilômetros ao norte de uma cidade rural do extremo oeste da República Dominicana, na fronteira com o Haiti. Eu estou seguindo – ou tentando acompanhar – um caçador local e guia enquanto procuramos por um dos mamíferos mais bizarros do mundo. Poucas pessoas ouviram falar, muito menos viram esse animal; até mesmo a maioria dos Dominicanos não o reconhece imediatamente por seu nome ou fotografia. Mas estou obcecado por ele há mais de seis anos: é denominada solenodonte, mais especificamente, solenodonte-do-haiti, ou Solenodon paradoxus, seu (bastante apropriado) nome científico. 

Ao longo floresta há uma trilha amarelada, cheia de vegetação, mas não a usamos. Em vez disso, meu guia – a versão dominicana do Indiana Jones – rapidamente adentra na floresta movendo-se como um fantasma através dos galhos, vinhas, espinhos, para cima e para baixo de escarpas, dentro e fora de ravinas secas. Não me movimento como esse homem - Nicolas Corona - bato, tropeço, me arranho e caio durante o trajeto na floresta. Nos lugares em que Nicolas pula de um barranco a outro, ou simplesmente se agita de uma ponta a outra de uma árvore caída, eu caio dos barrancos e tenho que rastejar para seguir adiante. Nos lugares em que abre caminho através das moitas de amoras, me enrosco. Uma vez estava tão enroscado, que a cada passo que dava para frente, descobria outra videira que não cedia: em volta da minha perna, do meu peito. Sou um palhaço ao lado de um tipo de divindade do Olimpo. 

Solenodonte livre usando o rádio-colar. Foto de Tiffany Roufs.
Solenodonte livre usando o rádio-colar.
Foto de Tiffany Roufs. 

Apesar dos perigos, a floresta seca que estamos percorrendo é inesperadamente encantadora. Uma planta verde, não é grama, mas parece um trevo, conhecida como Bacoppa monnieri, cobre o chão nessa época do ano. Pequenas árvores que balançam se curvam à nossa volta. Grandes pedras se projetam para fora do solo, e às vezes um amontoado cria uma pequena montanha. Há caracóis com cascos belamente coloridos e parecidos com conchas pendurados nas árvores. Toda hora ouvimos um zumbido quando um pássaro, em algum lugar perto de nós, levanta voo assustado com o som de dois homens passando por seu lar. A floresta é quase como a de um hobbit, como se fosse feita para coisas pequenas. Alguém poderia imaginar antigas fadas e elfos, criaturas maliciosas vivendo aqui, e é por isso que ela parece um lugar tão próprio para o estranho e enigmático solenodonte com feições de muppet. 

Em grego, solenodonte significa “dente estriado”. Recebeu esse nome porque tem sulcos em seus dentes por onde injeta veneno, quase como uma cobra: é o único mamífero do mundo que pode fazê-lo. Mas isso não é de longe o fato mais incrível sobre uma criatura que muitas pessoas consideram um grande rato. Não, é isso: o solenodonte se divergiu de todos os outros mamíferos há 76 milhões de anos. Isso significa que enquanto dinossauros como o Tiranossauro Rex e o Tricerátops vagavam pela América do Norte, o solenodonte já tinha criado seu próprio nicho evolutivo, e então sobreviveu ao cataclismo, à invasão, à destruição, e hoje continua rondando pelas florestas da ilha caribenha Hispaniola (aonde estou) e Cuba, relativamente inalterado. Não é nem mesmo um roedor, em vez disso, pertence a uma ordem dos mamíferos (Soricomorpha) que incluí mussaranhos e toupeiras, mas continua diferente o suficiente para ter sua própria família: solenodontetiae. 

Falando em termos de evolução, o solenodonte é um dos mais velhos mamíferos da Terra; sua forma atual não é muito diferente daquela que o T- Rex teria alegremente ignorado há 76 milhões de anos. Ainda assim, enquanto o T- Rex desaparecia, de alguma forma esse pequeno e venenoso mamífero de focinho comprido conseguiu sobreviver ao asteróide que aniquilou os dinossauros, ao deslocamento do continente americano e das ilhas caribenhas, à chegada do primeiro povo, conhecido como Taino, à invasão de Colombo, e à subsequente transformação da ilha. Não é de se surpreender que esse animal foi apelidado de “o último sobrevivente”. 

Além de seu veneno, o solenodonte também exibe na ponta de seu focinho uma espécie rótula (apelidada de “os proboscis”) que é totalmente única no reino animal. Esse osso o permite mover seu longo e fino focinho habilmente enquanto toca o chão, quando busca insetos, aracnídeos e larvas. O interessante é que esse osso não é encontrado no solenodonte cubano, apenas no haitiano. Também já cogitaram que os solenodontes usam os seus estranhos sons de assobio e estalidos como uma ecolocalização para capturar suas presas no escuro. 

domingo, 9 de fevereiro de 2014

CAMINHÃO DOS CÉUS PREPARA VOO

Dirigíveis, que já foram usados para transportar passageiros, serão fabricados por duas empresas para levar cargas pelo país

Foto: Site Defesanet
Uma tecnologia que caiu em desuso antes da II Guerra Mundial pode voltar como alternativa para tentar reduzir o caos no transporte de cargas no país devido à falta de infraestrutura adequada. Os dirigíveis, que já foram utilizados como meio de transporte e, mais recentemente, de publicidade, fazem parte de um projeto da Airship do Brasil para trazer contêineres vindos principalmente da Amazônia para as regiões Sul e Sudeste, em vez de utilizar estradas.

A empresa é uma companhia formada pela associação do Grupo Engevix, que tem investimentos no polo naval de Rio Grande, e pela Transportes Bertolini. Para colocar o projeto em prática, cerca de R$ 120 milhões foram financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e cada uma das sócias entrou com mais R$ 20 milhões.

Atualmente, 25 pessoas trabalham na área de projetos da Airship, em São Carlos (SP) – onde estão estabelecidas a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), importantes centros de formação de engenheiros especialistas em Aeronáutica e aviação. O primeiro dirigível está em produção no município.

Operação deve começar no primeiro semestre de 2017

Paulo Vicente Caleffi, diretor de gestão da Bertolini, presidente da Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Estado (Fetransul) e diretor da Airship, explica que pretende fazer o primeiro teste com o cargueiro ADB-3-30 em julho de 2016.

– Desde 1992, pesquisamos e há oito anos estamos em sociedade com o Grupo Engevix, em sigilo. Eu estive em 12 países para sondar o mercado. Já começamos a produção do primeiro dirigível, e no primeiro semestre de 2017 temos de estar navegando. Será uma revolução em termos de logística – empolga-se.

Os dirigíveis produzidos pela Airship devem ter cerca de 150 metros de comprimento, com capacidade de transportar até 54 toneladas – como comparação, uma carreta de dois eixos transporta cerca de 30 toneladas. O dirigível, inflado por gás hélio e com motores movimentados a óleo diesel, alcança velocidade de 125 quilômetros por hora, voando entre 400 metros e mil metros, com uma tripulação de até quatro pessoas. Segundo a empresa, a operação teria um preço próximo ao do frete de caminhão.

Em comunicado, a Airship informa que "inicialmente, a própria Bertolini será a principal cliente, utilizando o veículo para deslocar produtos de Manaus para as regiões Sul e Sudeste do país" e que os dirigíveis podem ocupar o mercado das hidrovias e ferrovias, modais que "o Brasil não usa adequadamente". 

Foto: Zero Hora
Fonte: http://www.defesanet.com.br/